A startup israelense CanBreed declarou recentemente que usou tecnologia de edição de genes para alterar um gene na planta de cannabis e torná-la resistente ao oídio, um fungo que pode ser mortal para a planta.
CanBreed disse que, tanto quanto é do seu conhecimento, esta é a primeira vez que uma empresa comercial consegue realizar a edição do genoma de uma planta de cannabis. A edição foi feita usando a tecnologia de edição de genes CRISPR-Cas9.
“É muito difícil usar a tecnologia CRISPR na planta de cannabis”, disse Ido Margalit, CEO da CanBreed. Com o uso da tecnologia, a equipe de P&D da startup, composta por geneticistas, biólogos moleculares e agrônomos, editou um gene que expressa uma proteína responsável por criar sensibilidade à infecção do oídio, disse ele.
Ao editar o gene, a proteína não é expressa, explicou ele, resultando potencialmente em uma planta resistente ao oídio. Agora a startup tem que provar que essas plantas editadas por genes são de fato resistentes ao fungo, disse ele, e fará isso trabalhando em conjunto com cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém.
A empresa pretende criar e depois vender sementes de cannabis com o traço de resistência ao oídio e, com sorte, usar a mesma tecnologia para editar genes adicionais para melhorar outras características da planta.
“No final de 2021, esperamos ter a venda comercial das primeiras sementes de cannabis resistentes ao oídio”, disse Margalit, acrescentando que a “conquista extraordinária” da empresa pode mudar o modo do cultivo de cannabis em Israel e em todo o mundo, ajudando os cultivadores a desenvolver plantas de cannabis uniformes e mais resistentes, abrindo caminho para a padronização da indústria.
A empresa patenteou o gene que confere resistência ao oídio e solicitou outras patentes que conferem importantes características agronômicas à cannabis.
A CanBreed espera que suas sementes de cannabis permitam aos cultivadores produzir plantas uniformes de maneira eficiente e repetitiva, possibilitando práticas de cultivo de cannabis que se comparam com as de outras culturas commodities, como tomate e trigo. Visto que a cannabis é uma planta medicinal, a padronização e a uniformidade são necessárias, e isso pode ser alcançado cultivando cannabis a partir de sementes estáveis.
O oídio é um fungo que ataca uma grande variedade de plantas e, sem o tratamento adequado, pode matá-la, reduzindo importantes safras de lavouras. As plantas infectadas apresentam manchas brancas pulverulentas nas folhas e caules. Como a cannabis é usada para fins médicos, os cultivadores não estão autorizados a usar fungicidas, explicou Margalit.
A empresa disse em agosto que chegou a um acordo de licenciamento para usar a tecnologia de edição de genes CRISPR-Cas9 da Corteva Agriscience e do Broad Institute of MIT e Harvard, que detém os direitos sobre a tecnologia. CanBreed, com sede em Givat Chen, Israel, foi fundada em 2017 por Margalit e Tal Sherman.
Fonte: SHOSHANNA SOLOMON/The Times Of Israel