Porém, nos últimos anos, elas têm sido bastante estudadas também no combate a uma série de doenças, como Parkinson e epilepsia, e até mesmo no tratamento da depressão. Para mostrar como estão as pesquisas com essas substâncias no Brasil e na USP Ribeirão Preto, o USP Analisa exibe a partir desta semana uma entrevista especial em três partes com o pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP Rafael Guimarães dos Santos.
Ele explica que o caminho para qualquer substância chegar às prateleiras das farmácias inclui quatro fases: a primeira, que indica sua toxicidade; a segunda, que envolve testes em pequenos grupos e indica a dose correta a ser usada; a terceira, em que a substância é aplicada em centenas ou milhares de pessoas para comprovar a eficácia; e a quarta, para observar possíveis efeitos adversos com o produto já em uso. Medicamentos que venham a conter compostos extraídos da maconha ou da ayahuasca também seguem essa regra.
Em relação à maconha, o pesquisador diz que é preciso diferenciar o uso recreativo do uso medicinal. “O uso recreativo, de maneira geral, são jovens entre 20 e 30 anos que usam buscando a experiência parecida com que as pessoas usam com álcool, o que é ilegal no nosso país e na maior parte do mundo. No uso medicinal, a conduta deveria ser como a de qualquer remédio, ou seja, a automedicação pode ser bastante perigosa”.
Ele conta que em países onde há regulamentação do uso de compostos dessa substância, o próprio governo tem plantações com variedades específicas em relação ao conteúdo de canabinóides, como o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). “Nesses países, ela vem sendo usada por exemplo para tratar dor crônica. Há alguns estudos preliminares para autismo e epilepsia. Mas isso não significa que as pessoas podem buscar maconha na ‘boca’ e dar para o filho autista em casa. A gente entende o desespero das famílias, mas é sempre importante ter a orientação de um profissional”, diz Santos.
Fonte: http://www.iea.usp.br/noticias/compostos-da-maconha-e-da-ayahuasca-podem-ser-usados-no-tratamento-de-doencas Data: 16/07/2021.