Um equívoco publicado como notícia referente à Cannabis no Brasil e no mundo, alastrou-se nos últimos dias como rastilho de pólvora pelas redes sociaIS. Já identificado como "Fake News", o falso informativo relatava que a OMS (Organização Mundial de Saúde) teria retirado a planta em questão da lista específica que a condiciona como "droga". Muitas pessoas comemoraram o "acontecido que não aconteceu" postando e repostando a própria notícia inverídica na web, incluindo celebridades reais e virtuais do Brasil.
Na verdade, como posicionamento favorável, a OMS faz recomendações através de documentos seguros divulgados em primeira mão pelo próprio portal informativo virtual da Organização na intenção de contribuir, colaborar e solucionar questões pertinentes referenciadas ao controle internacional da Cannabis. Nunca havendo expressado, informado ou noticiado, direta ou indiretamente, qualquer decisão sobre a subtração da Cannabis nesta listagem oficial de "drogas". Também é fato que reconhecem o CBD (canabidiol) como composto medicinal, e não a planta em sua estrutura total. Ou seja: O relatório da OMS deixa claro a indicação de apenas resultados referêntes à UM dos elementos da Cannabis: o Cannabidiol.
O Conselho Internacional de Controle de Narcóticos (INCB) reuniu-se virtualmente com a Comissão para Drogas Narcóticas (CND) da Organização das Nações Unidas (ONU) para preparar os estados que são membros para uma votação agendada para dezembro onde as decisões trarão implicações consideráveis e, talvez, históricas para quem espera avanços significativos e concisos no que diz respeito à Cannabis. A Comissão de Drogas e Narcóticos, que faz parte do Conselho Econômico e Social da ONU, é o órgão encarregado de modificar, revisar e atualizar periodicamente a lista de substâncias proibidas, isso é feito sob as recomendações da OMS que, por sua vez, é aconselhada pelo Comitê de Peritos em Dependência de Drogas.
O mundo inteiro atravessa uma fase onde cada vez mais cientistas, pesquisadores, gestores, associações, institutos, ONGs, empresas e a própria sociedade civil, defendem a Cannabis num elo que conspira à favor de uma verdadeira "revolução verde". Muitas leis estão sendo revisadas e vários países mostram-se flexíveis com relação à Cannabis como meta de progresso medicinal, científico, econômico entre outros. Os tratados e acordos que embasam a política de leis de substância foram formulados e instaurados na década de 60 e, diante de tantos avanços notáveis e inquestionáveis que seguiram até os dias de hoje (e hão de seguir), inegávelmente, faz-se necessária uma reforma nessas diretrizes.
Por maiores que sejam os avanços, o Brasil ainda mostra seus passos de forma acanhada e inexpressiva diante de paises também latino americanos como Uruguai, Argentina e Colômbia, por exemplo. Ainda no dia 6 de julho do corrente ano, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad) decidiu pela oposição à Cannabis em reunião extraordinária, o que atrasa a jornada rumo ao fim da judicialização do direito à saúde para pacientes/responsáveis que querem e podem ter ao seu alcance a opção do cultivo caseiro para extração do seu próprio fármaco.
Notável, é o fato da notícia FAKE ter espalhado-se de forma tão imprudente e irresponsável por pessoas que ao menos buscaram pesquisar para comprovar, por si só, a veracidade de uma informação TÃO RELEVANTE quanto essa que, falsamente, foi noticiada. Mostra o quanto não estamos preparados para filtrar as notícias do dia a dia que nos chegam e como somos/estamos envolvidos pelo SENSACIONALISMO e IMEDIATISMO DE RISCO que pontua a grande maioria dos veículos difusores de mídia no Brasil. Seja por parte dos informantes, seja por parte dos (DES)informados. Estamos vivendo um período onde não podemos mais ficar de boca aberta esperando que nos empurrem a "colher de comida" e a gente, simplemente, "engula sem mastigar". Mais do que nunca, é necessário que apuremos os fatos que nos chegam, desnudos da ansiedade de celebrar a notícia que esperamos enquanto desperdiçamos a oportunidade de checar se o que nos salta aos olhos como notícia informa ou desinforma. Assim, tornando impossível confundir a realidade que se tem com a realidade que se quer. E mais! Evitando disseminar inverdades sobre qualquer que seja o assunto e agindo constantemente como um filtro de informações daquilo que lemos e/ou propagamos.