João R. Negromonte
O Projeto de Lei que leva o nome do garoto (Lucas Esperança) e tem como relator o vereador Leandro Portugal (PV), foi apresentado ao plenário como ato inaugural para tramitação na casa legislativa em abril deste ano, onde a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) apresentou parecer favorável a Audiência Pública que acontece hoje, dia 18/08 as 18:00hrs.
O evento será transmitido ao vivo pelas redes sociais e contará com participação do público. A Associação Brasileira de Acesso à Cannabis Medicinal do Estado do Rio de Janeiro (Abrario) estará participando como protagonista do evento que discutirá o PL que dispõe sobre a política municipal referente ao uso da cannabis para fins medicinais e distribuição gratuita de derivados prescritos à base da planta inteira ou isolada, que contenha em sua fórmula as substâncias CBD (canabidiol) e ou THC (tetrahidrocanabinol) nas Unidades de Saúde Pública Municipal e privada ou conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito municipal de Niterói.
"Pretendo submeter a matéria a discussão na nossa cidade com médicos, pacientes e autoridades, pois nosso desejo é que o projeto seja aprovado com toda a chancela merecida da sociedade."
Leandro Portugal.
Vale ressaltar que, caso o projeto seja aprovado, o uso do medicamento deverá ser autorizado por ordem judicial ou pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, e/ou prescrito por profissional médico acompanhado do respectivo laudo das razões da prescrição.
Além disto, o extrato de cannabis não causa vício ou dependência. A relação do Canabidiol com o cérebro se dá pelo fato de que ele reduz a reação do sistema nervoso central, motivo pelo qual pode ser considerado como um antipsicotrópico e neuroprotetor, além de promotor de ação anti-inflamatória.
O programa municipal quer adequar a temática da cannabis medicinal aos padrões e referências internacionais, como Canadá, EUA e Israel, proporcionando assim maior acesso a saúde e atendimento adequado aos pacientes.
Em entrevista ao Sechat, Marilene da Silva Lima de Oliveira, mãe do Lucas e fundadora da Abrario, conta um pouco sobre sua trajetória e como conheceu a cannabis e seus benefícios.
Meu nome é Marilene da Silva, 40 anos, sou a presidente e fundadora da Abrario, mãe do Lucas que tem 20 anos hoje. Meu filho tem uma síndrome rara chamada Rasmussen, que causa a epilepsia de difícil controle desde os quatro anos de idade. Lucas tinha entre 40 a 50 crises por dia, isso até 2014, que foi quando ele entrou em estado de mal epilético e quase perdi meu filho.
Após 18 dias internado, sob os cuidados de médicos que não tinham ideia do que fazer com ele, enfim Lucas saiu do hospital. Entretanto, sequelas como falta de movimentos, fala comprometida, uso de fraudas, disfunção cervical que não lhe dava sustentação no pescoço e mais crises convulsivas, comprometeram a qualidade de vida não só dele como de toda nossa família.
Foi então que numa conversa com o Dr. Eduardo Faveret, ele me sugeriu o uso da cannabis e me apresentou a uma mãe que fez a ponte até o Cassiano, presidente da Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace).
Eu cheguei até ele completamente desesperada pedindo por socorro, afinal, meu filho estava fazendo uso de 5 anticonvulsivantes e mesmo assim continuava tendo crises que o mantinham em estado vegetativo.
O Cassiano foi como um anjo que mesmo a distância me abraçou e disse: Calma eu vou te ajudar!
Enfim Lucas começou a usar o óleo esperança e com 15 dias de uso ele já sustentava o pescoço e atendia quando o chamávamos. Com um mês de uso eu encontrei meu filho de pé no quarto, coisa que até então era incomum.
Hoje nós conseguimos fazer o desmame de todos os medicamentos e Lucas está com as crises controladas, podendo andar, falar, dançar e interagir.
Em outros termos, ele simplesmente está vivendo!!!
Ao longo desses anos entre idas e vindas de hospitais, conheci muitas famílias e comecei a ajudá-las com doações, orientações e fazendo eventos para as crianças. Foi então que sem perceber nasceu o Projeto Lucas Esperança, que é um núcleo de assistência as pessoas com necessidades especiais.
No projeto temos atendimento assistencial, jurídico, psicológico, de enfermagem, entre outros. Realizamos também eventos, doações e rodas de conversas. Todas de forma voluntária, isto é, somos uma associação sem fins lucrativos.
Muitas famílias vendo a melhora do Lucas, me pediram ajuda para dar o mesmo tratamento para seus filhos. Nós indicávamos a Abrace que era onde meu filho era cadastrado e tinha todo o apoio necessário.
Contudo, percebemos que a missão era maior que imaginávamos e, resolvemos fundar uma associação cannábica com o objetivo de fazer por outras pessoas o que foi feito pelo Lucas um dia
Fui abraçada e tenho o dever de abraçar outras famílias hoje!
Então nasceu a Abrario com o objetivo de dar acesso a cannabis medicinal aqueles que precisam.
Fonte: https://sechat.com.br/tratamento-gratuito-com-cannabis-medicinal-pode-virar-realidade-em-niteroi/ Data: 18/08/2021.