A cannabis industrial, ao ser uma planta com ciclo vital de aproximadamente 120 dias, pode ter várias colheitas anuais. Somente isso já mostra que é uma planta com melhor rendimento que outras. Seu potencial também se deve ao fato de ser um recurso natural renovável altamente resistente e também por ter uma grande adaptabilidade para sobreviver em diversos climas.
INDÚSTRIA PAPELEIRA
O papel feito a partir do cânhamo, prática descoberta pelos chineses há milhares de anos, tem sido utilizado em documentos ilustres. Alguns exemplos são o primeiro livro na China e a Declaração de Independência dos Estados Unidos. A fibra dessa planta tem um excelente rendimento e valor ecológico para a fabricação do papel. A cannabis possui maior concentração de celulose que a madeira. Isso significa que é possível obter em menor tempo mais quantidade de papel por hectare. O processo requer pouca transformação química. Além disso, a cor do material pode ser facilmente transformada em branco com peróxido de hidrogênio (água oxigenada), uma substância mais amigável com o meio ambiente. Com essas fibras é possível criar um papel de alta qualidade, mais forte e com maior durabilidade.
BIOPLÁSTICO
O bioplástico é um tipo de plástico derivado de produtos vegetais. Diferentemente dos derivados do petróleo, é biodegradável e passível de compostagem. Isso porque produz fertilizantes orgânicos a partir da ação de bactérias em dejetos degradáveis. A cannabis apresenta muitas vantagens nesse segmento econômico. Por possuir cerca de 65 a 70% mais quantidade de celulose que a madeira e por ser uma planta anual, cresce muito mais rápido que as árvores. Ademais, gera materiais tão fortes e resistentes como os plásticos convencionais. A celulose do cânhamo pode ser utilizada para a elaboração de partes de automóveis, instrumentos musicais, brinquedos, recipientes, papel celofane, celuloide, e todo um leque de novas aplicações através das impressoras 3D.
ALIMENTOS
Como é uma planta oleaginosa rica em vitaminas e aminoácidos, resulta ter um enorme potencial também como recurso alimentício. Entre seus diferentes componentes, possui dois ácidos graxos essenciais: Ômega 3 e Ômega 6. Nosso organismo não produz essas substâncias, que precisam ser adquiridas através da alimentação. A proporção ideal desses lipídios em um alimento é de três partes de Ômega 6 por cada uma de Ômega 3. Curiosamente, essa é justamente a composição do óleo da cannabis. Além disso, também possui as vitaminas E e A, importantes para a saúde cardiovascular, a visão e a pele. Outros 20 aminoácidos também são parte da cannabis, e todos formam a base para a construção de proteínas. A legalização, o desenvolvimento de novas tecnologias e uma maior demanda de proteínas vegetais estão propiciando a criação de toda uma gama de alimentos derivados da cannabis para os humanos, como leite, chocolates e panificados.
RECUPERAÇÃO DO SOLO E PURIFICAÇÃO DA ÁGUA
A raiz da cannabis é muito eficiente para a proteção dos cursos de água de contaminantes provenientes da agricultura, pecuária e indústria em geral. Em todo o mundo é cada vez mais comum encontrar bancos protetores que atuam como barreira ao redor de córregos e lagos. Os nutrientes excedentes de materiais contaminantes, como o nitrogênio e o fósforo causam a proliferação de algas. Elas, por sua vez, impedem a passagem de luz e levam à morte da flora e fauna do local. A capacidade da cannabis em captar essas substâncias permite cultivos produtivos que funcionam como filtros e preservam a qualidade da água.