O THC, substância extraída da cannabis é bastante polêmicas em locais mais conservadores, como o Brasil, mas é promissora. Recentemente o THC impediu efeitos letais de doenças pulmonares em ratos associados a alguns tipos vírus.
A cannabis foi, por muito tempo, alvo de uma certa demonização, apesar de ser menos perigosa do que diversas drogas que utilizamos em medicamentos, como o ópio, e até menos do que o álcool.
Recentemente, o mundo tem mudado e os cientistas têm encontrado muitos benefícios da substância. São exemplos o tratamento do câncer e epilepsia – se utilizada sob receitas médicas, é claro.
Em uma pesquisa publicada recentemente na revista "Frontiers In Pharmacology", pesquisadores relatam os efeitos do tetrahidrocanabinol (THC) na prevenção de sintomas letais em ratos infectados gravemente com coronavírus, influenza etc.
O tetrahidrocanabinol é um dos principais componentes ativos da cannabis sativa, a maconha, além de outros canabinoides. O THC é um dos componentes psicoativos, ou seja, que dão a “brisa”.
A cannabis enfrenta esse preconceito, pelo grande uso recreativo pelo mundo, mesmo em países onde é proibida. Outros remédios, vale lembrar, também são drogas derivadas de plantas psicoativas, como a morfina, derivada do ópio.
O uso recreativo, entretanto, não necessariamente traz benefícios médicos. O uso medicinal é feito apenas após um longo processo científico e é, mais tarde, receitados e dosados por um especialista.
A Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) é uma doença muitas vezes associadas a diversos vírus do trato respiratório, e pode ser letal. Mais de 3 milhões de pessoas são afetadas por ano em todo o mundo.
Com essa infecção, as pessoas geralmente apresentam inflamações, falta de ar e a pele pode ganhar uma coloração azulada, alcançando uma taxa de mortalidade bastante alta, que varia de 35 a 50%.
Um dos vírus que causam essa infecção é o Sars-CoV-2, vírus causador da tão conhecida doença covid-19, além de alguns vírus do tipo influenza, que causam gripes.
A infecção faz, em suma, com que o próprio corpo se mate. Ela faz com que o corpo acabe liberando uma alta quantidade de citocinas, fenômeno conhecido como tempestade de citocinas.
As citocinas são um grupo de proteínas liberados pelas células para modular algumas respostas da próprias células, e exercem um papel importante no sistema imunológico.
Em alguns casos, elas são pró-inflamatórias. Ou seja, estimulam uma região do corpo a inflamar para marcar a região onde o sistema imunológico deve combater para expulsar o invasor, como um vírus.
Entretanto, a SDRA pode causar aquela tempestade de citocinas. Essas “tempestades” liberam citocinas pró-inflamatórias em excesso, causando hiper inflamação pulmonar, o que debilita a pessoa e pode levar a morte em muitos casos.
Os pesquisadores, então, resolveram testar o THC no combate a essa doença, e infectaram alguns ratos com diversos vírus associados a ela, para desenvolver a síndrome.
A surpresa foi de que o THC não só funcionou como um anti-inflamatório, como impediu os sintomas letais em 100% dos ratos, mesmo medicando apenas após as tempestades de citocina.
O THC exerceu dois efeitos principais: ele inibiu a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Ademais, ele próprio ajudou a diminuir a inflamação nas áreas mais afetadas do sistema respiratório
O THC impediu efeitos letais de doenças pulmonares, mas apear do sucesso, essa é apenas uma das primeiras fases de testes, e muito trabalho vem a seguir. O estudo foi publicado na revista "Frontiers in Pharmacology".