Com os tantos benefícios que os compostos da planta podem trazer à saúde humana, mais celebridades estão se destacando por fazer uso do CBD. Entre elas, Eder Jofre, consagrado como o maior peso galo da história do boxe. Jofre sofre com encefalopatia traumática crônica – doença neurodegenerativa causada por traumas cranianos repetitivos, também conhecida como Síndrome Boxer – desde 2013 e, em janeiro deste ano, deu início ao tratamento com a Cannabis medicinal.
Segundo a filha de Eder, Andrea, em entrevista ao Estadão, o ex-atleta está se sentindo muito melhor desde que começou o tratamento com o CBD, tem mais equilíbrio e melhorou a habilidade de concentração. Além disso, Jofre se mostra mais calmo e sente menos dores.
A Cannabis sativa vem se tornando mais popular a cada dia, devido ao seu potencial medicinal no tratamento de uma série de doenças, fato já comprovado em milhares de estudos. A planta contém um conjunto de compostos com efeitos terapêuticos, conhecidos como canabinoides. Além do Δ9-tetrahidrocanabinol (THC), que é a principal substância psicoativa da cannabis, o canabidiol (CBD), canabinoide não psicoativo, é o mais abundante na planta e representa uma possibilidade para o tratamento de doenças inflamatórias e degenerativas.
No ano passado, em levantamento feio pelo site americano Boxingforum24, Jofre foi considerado mais uma vez o maior peso galo da história do boxe. Em outubro de 2019 o Conselho Mundial de Boxe (WBC) reconheceu Eder Jofre como o primeiro campeão mundial dos pesos-galos da organização, em convenção realizada no México.
Como resultado da história do ex-campeão mundial dos galos (1960-1965) e dos penas (1973-1974), Jofre vai ganhar uma nova biografia esse ano, intitulada “Eder Jofre: primeiro campeão mundial de boxe do Brasil”, escrita pelo jornalista norte-americano Chris Smith.
Em 1960 Jofre conquistou sua primeira grande vitória: venceu Eloy Sanches e conquistou o título de peso galo. Alguns anos depois, em 1973, o lutador obteve o cinturão na categoria peso-pena. Apenas três anos depois, Jofre pendurou as luvas com conquista incomparáveis, como 2 prêmios mundiais e 81 vitórias. Até hoje, o ex-pugilista é considerado um dos melhores boxeadores de todos os tempos.
Recentemente,o ex-peso pesado do boxe, José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, expôs que também faz uso medicinal da cannabis para tratar a Encefalopatia Traumática Crônica – mesma doença sofrida por Jofre.
No caso de Maguila, as anomalias comportamentais e do humor foram os primeiros sintomas apresentados, e fizeram com que o lutador passasse a ter comportamento agressivo e explosivo fora dos ringues. Além disso, o lutador também passou a apresentar alguns problemas cognitivos, como esquecimento. Entretanto, após o início do tratamento com o CBD, a família de Maguila alega que o ex-atleta está mais calmo e comunicativo com a família, além de sofrer com menos dores.
Além de ser frequentemente encontrada em lutadores como Maguila, a síndrome, também passou a ser desenvolvida em ex-atletas profissionais de futebol americano e até em atletas mais jovens, por conta do histórico de traumas repetitivos na cabeça. Esse trauma pode desencadear uma degeneração progressiva do tecido celular, incluindo o depósito anormal de uma proteína chamada de tau.
Cerca de 3% dos atletas que tiveram múltiplas concussões desenvolvem encefalopatia traumática crônica, como afirma o Dr. Juebin Huang, da Universidade de Medicina de Mississippi (Estados Unidos). Os principais sintomas são: perturbação do humor (depressão e irritabilidade); anomalias comportamentais (impulsividade, explosividade e agressão); comprometimento cognitivo, como perda de memória, disfunção executiva e demência e anormalidades motoras.
Sobretudo, não há um tratamento específico para a Encefalopatia Traumática Crônica. Portanto, é necessário o desenvolvimento de estratégias de tratamento que visam interromper ou desacelerar o processo de neurodegeneração da doença. Mas, afinal, como a doença funciona e qual o benefício da cannabis em seu tratamento?
Segundo um estudo revisado por pares e publicado em 2020 na revista Frontiers in Pharmacology, as doenças neurodegenerativas são caracterizadas por extensos danos oxidativos a diferentes substratos biológicos que podem causar morte celular. Dessa forma, o CBD, que interage com o sistema endocanabinoide, pode ter um alto potencial como um para o desenvolvimento de medicamentos antioxidantes para as mais diversas doenças neurodegenerativas. O estudo, portanto, afirma que o CBD pode ter um impacto considerável na progressão dos principais distúrbios neurodegenerativos.
Os autores do estudo ainda defendem que faltam terapias que combatam de forma eficaz a progressão das doenças neurodegenerativas. O CBD, portanto, deve receber ainda mais a atenção de pesquisadores da área por indicar um papel progressivo no desenvolvimento de anti-inflamatórios que possam tratar doenças degenerativas do cérebro.
Conforme um estudo publicado em 2018 pela Unità Operativa di Salute Mentale Distretto, na Itália, há uma forte ligação entre canabinoides e doenças neurodegenerativas. Segundo os autores, as atividades neuroprotetoras dos endocanabinoides parecem ser mediadas principalmente pelo CB1 (receptor presente no corpo humano), e, portanto, são caminhos promissores para o tratamento terapêutico de diferentes aspectos das doenças neurodegenerativas.
Eles ainda concluem que o aumento da pesquisa sobre a medicina com a cannabis e do sistema endocanabinoide em relação à neurodegeneração tem o potencial de levar a novas terapias que podem ajudar a prevenir a progressão e, potencialmente, o início dessas doenças.
Fonte: https://sechat.com.br/ex-lutador-de-boxe-eder-jofre-faz-uso-do-cbd-para-tratar-doenca-neurodegenerativa/ Data: 10/05/2021.