"Eu vi que os medicamentos realmente não estavam trazendo resultado. Aí o médico pediu para fazer a dieta cetogênica, mas foi eficaz por um mês. Depois as crises voltaram dobradas", disse Sheylla, em entrevista ao Cotia e Cia.
Desde os seis meses, Lucas tem epilepsia refratária - um distúrbio neurológico que faz com que ocorra frequentes convulsões. Essa condição, segundo especialistas, é de difícil tratamento e, em geral, tende a piorar com o passar dos anos.
Sheylla confessa que ficou com receio de usar o canabidiol no tratamento com seu filho, no início. Mas após ler pesquisas e conversar com outras mães, que também utilizavam o medicamento, ela decidiu romper essa barreira e pediu para o médico de Lucas suspender os demais remédios.
"Comecei a dar [ o canabidiol] no mês de abril. Com 17 dias, as crises dele já diminuíram durante o dia e só convulsionava a noite. Depois de 45 dias, nós tivemos retorno com o médico e ele aumentou a dose da noite. Foi então que as crises sumiram"
Ainda segundo ela, houve evolução na parte motora e cognitiva de Lucas. "Ele começou a se comunicar mais e também começou a andar. Antes, ele só vivia dopado de medicamentos. É uma felicidade que não tem explicação."
EFICÁCIA COMPROVADA EM ESTUDOS
Estudos mostram que o canabidiol (CBD) pode ter ações semelhantes à substância anandamida, a qual é um endocanabinoide, ou seja, produzida naturalmente em nosso organismo. Dessa forma, segundo as pesquisas, o CBD regula as descargas de neurotransmissores nos neurônios pré-sinápticos, diminuindo as convulsões na frequência e intensidade, e não causando efeitos psicoativos significativos.
A eficácia do CBD também foi comprovada para o tratamento da epilepsia por uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em julho do ano passado. De acordo o estudo, além de praticamente abolir as crises, o óleo tem um efeito neuroprotetor, "que protege os neurônios durante os ataques epiléticos, evitando a morte deles e a inflamação do cérebro".
Um outro estudo da revista Frontiers in Neurology, de 2019, revelou que o óleo de cannabis pode reduzir significativamente a taxa de convulsões em crianças com epilepsia grave, e até mesmo eliminar as convulsões em alguns casos.
Neste experimento, os pesquisadores usaram um extrato de cannabis que continha 95% de canabidiol (CBD) e 5% de tetraidrocanabinol (THC), o psicoativo da maconha. Depois, o extrato foi fornecido a sete crianças com epilepsia extrema que não apresentaram melhora com outros tratamentos — uma das crianças, inclusive, teve 1.223 casos de convulsão no mês que antecedeu o estudo.
A dose inicial foi de 5 a 6 miligramas de extrato de cannabis por quilograma de peso corporal por dia. Os pesquisadores contam que quatro dos sete participantes tiveram uma redução de mais de 50% no número de crises diárias. Quando a dose foi dobrada, todos os sete notaram uma melhora considerável e três crianças pararam totalmente com os casos de convulsões.
Fonte: https://www.cotiaecia.com.br/2021/07/crises-de-epilepsia-somem-apos-uso-de.html?m=1
Data: 10/07/2021.